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20/03/2011 23h32 - Atualizado em 21/03/2011 00h43

Eleições na Academia Brasileira de Letras: a sucessão da cadeira 31

Magnus Langbecker Magnus Langbecker
Escritor, presidente de Associação Santarosense de Escritores (ASES) e acadêmico de Biologia.

A disputa pela cadeira número 31 da Academia Brasileira de Letras já está lançada com as candidaturas do jornalista carioca Merval Pereira, do Romancista baiano Antonio Torres e do poeta gaúcho Luiz de Miranda.
A inscrição de ambos ocorreu logo após a ‘Seção de Saudades’ em memória do gaúcho Moacyr Scliar, último ocupante da cadeira que tem por patrono Araújo Porto Alegre.
O poeta Ferreira Gullar, apesar da insistência de vários acadêmicos por sua candidatura, acabou desistindo. "Acordei em depressão. Não tenho nada contra a Academia, tenho muitas amizades lá, mas não é a minha praia. Eu pensei: Estou com 80 anos e isso não está me dando qualquer alegria, não é o tipo de coisa que eu quero, então por quê? A Academia é pra sempre!", declarou. Com certeza sua candidatura acarretaria uma aclamação, pois não se visualizam no cenário da literatura brasileira, rivais a altura deste conceituado e delicioso personagem das letras nacionais. Nem se fosse apenas por, “Poema Sujo”, esse magnífico texto de denúncia e resistência escrito durante o exílio imposto pelo regime militar
Mas ficamos então, com a desistência de Gullar, com o que esta posto: Merval x Torres x Miranda.
Merval Pereira nasceu no Rio de Janeiro em 1950 e tem sua carreira no jornalismo ligada as organizações Globo onde construiu sua carreira e ocupou vários cargos de direção. Também trabralhou na revista Veja em meados da década de 80. Tem em livro compilações de reportagens feitas para revistas e jornais. Sendo os de maior repercussão: “A segunda guerra, sucessão de Geisel” e “O lulismo no poder”. Tem um perfil considerado extremamente conservador e reacionário, no entanto, obteve vários prêmios em reconhecimento ao seu trabalho como jornalista.
Antonio Torres nasceu em 1940 na cidade baiana de Sátiro Dias e tem sua trajetória como romancista consolidada, inserindo-se numa tradição herdeira do regionalismo, tendo Graciliano Ramos e Jorge Amado, entre outros, como principais precursores no que diz respeito a um ideário ético nacional. De ‘Um Cão Uivando para a Lua’, publicado em 1972, a ‘Meu Querido Canibal’(2000), seus principais temas são o desarraigamento do homem e o retorno ao lugar de origem. Relatando as condições subumanas em que vive uma parte da população brasileira, o êxodo dos retirantes para a grande cidade, o conflito entre valores urbanos e rurais, as tensões entre o arcaico e o moderno e, sobretudo, os impasses do mundo contemporâneo, o escritor manifesta as esperanças e os dramas de seu povo. A habilidade com a temática urbana, buscando para ela uma estética apropriada, se revela em títulos como ‘Um Táxi para Viena d'Áustria’. Com livros traduzidos em mais de 10 países, ele foi condecorado em 1998 pelo governo francês como Chevalier des Arts et des Lettres e recebeu, pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Machado de Assis 2000, da Academia Brasileira de Letras.
Luiz de Miranda tem 29 livros publicados e apresenta-se como o autor da "obra poética mais extensa do mundo", com 2.706 páginas publicadas, mais extensa até que a do chileno Pablo Neruda. Seu livro mais recente, Monolítico, Memória que não Morre (Global), venceu o Açorianos de Literatura do ano passado. O autor já tem data para o lançamento de nova obra: dia 12 de abril ele autografará em Porto Alegre um novo livro de poemas, Vozes do Sul do Mundo (Editora da PUC - RS).
Cartas na mesa e, apesar do bairrismo de alguns que clamam pela indicação de outro gaúcho para a vaga de Sclyar, lembramos que a escolha não deveria acontecer por outro fator que não o da qualificação do candidato no trato das letras nacionais. Neste contexto creio que Antonio Torres tem um trabalho deveras mais qualificado e embasado a contribuir com a Academia Brasileira de Letras, do que um Merval ainda infante no que diz respeito a consolidar obra de verdadeira significação e apegado quase que tão somente ao veio jornalístico. Quanto a nosso conterrâneo, apesar de admirá-lo como poeta pujante e prolíxo, creio necessitar de mais experiência e divulgação de sua obra, principalmente fora do Rio Grande do Sul.
Até o momento são esses, a candidatura de Assis Brasil foi proposta, porém, logo descartada pelo próprio escritor que ocupa atualmente a Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.
A data da eleição ainda não foi divulgada. Boa sorte a todos, mas, principalmente, aos amantes da língua portuguesa e da literatura brasileira.

 

           

 

Eleições na Academia Brasileira de Letras. Eleições na Academia Brasileira de Letras.

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