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26/06/2011 21h02

A monstruosidade e suas ocupações

Sávio Hermes Sávio Hermes
Advogado e Escritor.

Há períodos da vida em que são marcados por uma forte resistência com relação ao que consideramos ser padrões e suas formas de opressão, traduzindo, se existe uma regra, a satisfação é não cumpri-la, quando não, acabar com ela.
E nada mais emocionante que transgredir com uma trilha sonora a altura e nas alturas. Tendo que a trilha sonora é de fundamento, na medida da proporção que atrapalha família, vizinhos e afins. Quanto maior a inconformidade, melhor.
Claro que hoje, com criança pequena em casa, quando um vizinho resolve na sexta-feira colocar a toda mais um lançamento universitário, a coisa é vista de forma diferente. Ocorre que isso é hoje, voltemos então ao prelúdio dos tempos em que email era sinônimo de carta social a R$ 0,01.
Nesta época, na medida em que aumentava o volume da barulheira que se ouvia, aumentavam os vilões da história mundial. E nesta época também começou a se falar de um, que até hoje ainda motiva protestos, ou seja, o tal de neoliberalismo e seus apêndices - globalização, ALCA, Nafta, Mercosul, Comunidade européia, etc.
Isto veio a mente lendo o panfleto do CPERS contra o pacote do Tarso (ou pacotarso) que visa alertar os servidores públicos estaduais frente o projeto do governo, que gerará prejuízos para toda a categoria e convoca todos para dizerem um não as pretensões governistas.
Lá constava que o projeto é um desencadeamento do sistema neoliberal. Antes voltemos para a trilha sonora. Escutar um heavy metal e todos os seus adereços era sinal de alguma coisa, seja uma demonstração de virilidade para pegar as gurias, seja uma forma de dizer que estava fazendo alguma coisa contra outra coisa, sem saber que coisas realmente eram essas.
Daí sucedeu-se copas, eleições, gravidez, trabalho, responsabilidade e estamos aqui vendo o projeto neoliberal ser executado ou ainda seguir seu caminho lépido e faceiro e percebendo que tudo não passa de um produto do estado, para entreter o cidadão ou a ovelha, ou o gado ou a maneira como vemos o umbigo.
O antro do projeto neoliberal era focado nos EUA. De lá recentemente vazaram informações, no sentido de que os ianques que mantinham a tal prisão em Guantánamo (Cuba), utilizavam como instrumento de tortura músicas do Metallica, Rage Against the Machine, Deicide, entre outras.
Esta inversão de critérios serve para eternamente revermos nossos conceitos, sobre pré-conceitos que acumulamos ao longo da existência e para gerar confusão e mesmo a delação, onde tu, agora, vais assumir que ouvia Metallica a todo volume? Tu poderias ser acusado de tortura. Ao invés de um machado ou de uma forca o algoz tinha em mãos um vinil recém saído do plástico. Não havia mercado negro do vinil e nem restrição para venda a menores de idade.
O neoliberalismo por sua vez iria acabar com as fronteiras entre as nações. Instituir a língua inglesa como padrão mundial. Acabar com a soberania dos países. E, capitalizar tudo, para ser jogado no sistema, via especulação, mercado de ações, liquidez, fluidez, cartão de crédito e fundos ilimitados para aplicação.
Com nomes outros que não neoliberal as ações acima foram e estão sendo implantadas, sem maiores protestos, até porque o neoliberalismo possibilitou um carro 1.0 para a classe média e, portanto, não precisa mais nada. Recolham as bandeiras, a gasolina baixou, o vinho é de boa safra e não tenho mais tempo a perder com teorias conspiratórias.
Compro logo existo. Penso logo desisto. Tudo vira uma estampa de camiseta. E os monstros de outrora agora são senhoras e senhores que fazem exercício na academia aberta. O estado interfere em nossa escrita. Na nossa opção sexual. Na quantidade de chibo que dá para trazer do Paraguai. Ficando em aberto qual será a nova ocupação do monstro e quanto vamos pagar para ter ele em nossa casa, com boa resolução, como o supra-sumo na nova revolução?

 

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