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19/04/2012 00h35 - Atualizado em 19/04/2012 00h49

E você, o que é?

Otávio Vicari de Siqueira Otávio Vicari de Siqueira
Publicitário
Especialista em Artes Visuais
Sócio Diretor de Arte da Soluty Comunicação e Design

Eu uso camisa xadrez, calça jeans surrada e tênis All Star. Então eu sou grunge. Eu tenho cabelo lambido, camisa preta, olhos maquiados e escuto NX Zero. Então eu sou emo. Eu uso óculos grossos enormes que me deixam ainda mais feio do que já sou e as coisas que eu gosto têm nomezinhos em inglês. Sou geek. E assim funciona o mais novo tipo de embalagem de que se tem notícia: o rótulo da personalidade. Você já percebeu que, hoje em dia, o pessoal procura se enquadrar em alguma categoria pré-definida de caráter a partir de meia dúzia de semelhanças com algum grupo? Parece que não se pode ser simplesmente “alguém”; também é preciso ser “algo”. Não quero saber quem você é, quero saber o que você é.

Como publicitário, revelo a você, caro leitor, que para minha profissão estes rótulos são uma mão na roda, pois revelam hábitos de consumo e fazem destes grupos públicos muito mais fáceis de conquistar. E não é à toa que tal espécie de etiqueta cultural é cada vez mais incentivada pela mídia.  

Seguindo pela gôndola das personalidades enlatadas, empurrando calmamente meu carrinho cheio de observações, encontro outro rótulo muito consumido: o da geração Z. Nele, está escrito que os jovens nascidos em meados dos anos 90 têm dificuldade para manter o foco em suas atividades, são digitais por natureza, ligados, antenados e outros “ados” que você quiser completar. A grande vantagem da geração Z sobre a jurássica geração Y é que eles conseguem ser “multitarefas”. Aham... Falar com uma pessoa no Facebook ao mesmo tempo em que toma um Toddynho é ser multitarefa. Agora, para tirar a prova, peça a um desses para fazer duas coisas úteis e bem feitas ao mesmo tempo. Quero ver o multitarefa agora. Para mim isso tem outro nome: afobação de adolescente. Mas “geração Z” é um rótulo mais comercial, que acaba por mascarar a natureza diversa das pessoas e seu direito de dizer: “Ei, eu não sou assim como estão dizendo!”.

E quem não se enquadra em nada disso? Quem tem a personalidade embalada em plástico transparente, sem rótulo, ainda está no mercado ou é mera gente a granel?

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

A "funcionalidade" de qualquer uma dessas "gerações", acaba quando perguntam: PAI, ÁGUA É ACENTUADO NO PRIMEIRO OU NO SEGUNDO "A"; COMO É FEITO UM CURRICULO?; ou, ao ver uma enxada perguntam: O QUE É ISSO????? Parabéns ao autor desse artigo, pois colocou em palavras escritas o que eu percebo e vivencio no meu cotidiano Santa Rosa afora!

Abílio dos Santos Veiga - 01/05/2012 11h46

 

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