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02/05/2013 21h34 - Atualizado em 02/05/2013 21h39

Paulo Freire: um educador esperançoso

Acadêmicos da URI Acadêmicos da URI
Laís Francine Weyh e Giseli Pricila Moreira Klein - Acadêmicas de Pedagogia da URI Cênio Back Weyh – Professor da URI

 

Na semana do trabalhador, também celebramos a data em quePaulo Freire nos deixou fisicamente (02/05/1997). Além da saudade, o eminente educador produziu um legado para as gerações atuais e futuras, carregado de esperança e generosidade. Por isso é lembrado pelo mundo afora, como alguém comprometido com os desafios do seu tempo, com sua gente, especialmente com os oprimidos da terra. O seu jeito de convencer pelo diálogo reafirmou um tipo de relação fundamentada no reconhecimento do outro como sujeito histórico, contrapondo-se à vertente verticalista que praticava o autoritarismo político-pedagógico. 

Pelotipo de trabalho que desenvolveu em diferentes partes do mundo, Freire recebeu inúmeros prêmios, títulos e outrashonrarias. No Brasil, sua terra natal, talvez pela frágil experiência de democracia vivenciada, tal reconhecimento oficial tardou, mas chegou.O governo brasileiro acolheue reconheceu PauloFreire como Patrono da Educação Brasileira em 16 de abril de 2012.

A pedagogia freireana nos ensina que aleitura de mundo precede a leitura da palavra. Concebido dessa forma, o processo educacional escolar deve considerar que a criança, jovem ou adulto é um sujeito que traz uma bagagem cultural, uma visão de mundo. Por isso, antes de serem alfabetizadas, as pessoas já incorporaram uma leitura de mundo, que diz respeito a sua experiência de vida. Nesse sentido, cabe à escola compreender e reconhecer essa caminhada que o aluno já traz consigo, e, a partir dessa, problematizar os conhecimentos, visando a conscientização,com o objetivo de construir uma sociedade onde caibam todos.

Na perspectiva de Freire, conscientização implica denúncia dos problemas que reforçamas desigualdades sociais, que não permitem aos homens e mulheres o direito de dizer a sua palavra, de exercer a cidadania e participação enquanto sujeitos de direitos e deveres. Dessa forma, acredita-se que a real democratização de um país começa necessariamente pelo envolvimento dos sujeitos em processo, rompendo com o autoritarismo elitista e dominante, ainda praticado na sociedade atual.

Entre as significativas e relevantes contribuições de Paulo Freire para o desenvolvimento de uma sociedade mais bonita, mais justa, mais igualitária e, por isso, mais democrática, destacam-se: a sua opção e envolvimento com as camadas sociais mais sofridas; o desenvolvimento de metodologias e afirmação de princípios de inclusão social através da Educação Popular; o papel do testemunhoeducadorpela prática da coerência entre o que se diz e se faz;a valorização do saber que brota do vivido como fundamento para a construção de um saber mais elaborado (acadêmico); coragem na denúncia das situações que não permitemo outro de ser sujeito de sua história; a esperança mobilizadora na educação como mediação para uma vida melhor; a importância do docente na vida das pessoas e para o futuro da humanidade; e, a preocupação com os jovens e adultos (analfabetos) que não tiveram chance de escolarização no tempo devido.

Um olhar mais cuidadoso sobre os temas de interesse da pedagogia freireana revela o quanto a educação está relacionada com o campo político. O ato educativo é um ato eminentemente político. Assim, Freire nos ajuda a compreender que não há a mínima chance do educador ser um sujeito neutro ou desinteressado em seu fazer pedagógico. Com consciência ou de forma ingênua, o trabalho docente desenvolve-se a partir de determinada concepção ideológica e é nisso que reside o seu caráter político.

Enquantohouver sociedades que marginalizam parte da população em relação às oportunidadesde vida melhor, não oferecendo as condições mínimasde dignidade, a pedagogia do oprimido e da esperança será lembrada como ferramenta libertadora e de transformação social. Assim, ser freireano significa assumir a luta por uma sociedade mais humana e justa socialmente. Esta é a utopia possível que um/a educador/a progressista opta seguir enquanto cidadão do mundo, comprometido com a prática libertadora.

A questão da atualidade da obra de Freire pode ser compreendida em sua profundidade a partir da própria fala dele, quando diz que [...] “o meu encontro com a Pedagogia do Oprimido não tem o tom de quem fala do que já foi, mas do que está sendo [...]. As tramas, os fatos, os debates, discussões, projetos, experiências, diálogos que participei nos anos 70, tendo a Pedagogia do oprimido como centro, me aparecem tão atuais quantos outros a que refiro dos anos 80 e de hoje”. (Freire, 1994, p13).

Este trabalhador da educação que viveu intensamente os dilemas do povo simples e oprimido continua sendo um raio de luz a iluminar o caminho dos educadores que acreditamna eficácia doprocesso educativo. Mesmo sabendo que a educação não pode tudo, entendem que sem esta a transformação não acontece. O diálogo continua sendouma mediação fundamental para a construção de um mundo mais bonito, mas também constitui-se, talvez no principal desafio para uma sociedade intolerante.

Hoje, dezesseis anos após a sua morte, a práxis freireana permanece viva, sendo concretizada e reinventada por todos os educadores, militantes sociais e lideranças comunitárias, que acreditam ser possível viver num mundo com menos desigualdade.

 

Laís Francine Weyh e Giseli Pricila Moreira Klein - Acadêmicas de Pedagogia da URI Cênio Back Weyh - Professor da URI

 

 

 

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