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09/05/2020 21h02 - Atualizado em 09/05/2020 21h08

Micuins políticos salvam alguém?

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
A maioria dos membros do Congresso Nacional, sejam deputados ou senadores, são membros do chamado baixo clero.
 
Gente que não possui formação, porte político, tampouco qualidade parlamentar, para propor algo relevante. 
Não debatem nada que tenha um pouco mais de profundidade ( nenhum grande tema), pouco compõem comissões temáticas, e quando compõem alguma, são meros números e joguetes de interesses.
 
Fazem da micropolítica das emendas parlamentares o meio principal de justificar e manter seus mandatos.
 
É como se dentro do  conjunto de 513 deputados federais, e de 81 senadores, houvesse uma enorme porção de figuras invisíveis, sem significância real, a não ser como número  para compor maiorias para diferentes fins, geralmente em troca de favores, emendas, cargos para correligionários, entre outras coisas relativamente "baratas".
 
Muitas vezes são bancados por segmentos da sociedade, e lá alocados para defender os interesses desses segmentos, sempre com um tom de barganha, numa troca de interesses que rebaixa o fazer político a um nível quase repugnante.
 
Basta ver dois exemplos: a bancada da bala e a bancada evangélica.
 
Além de representar  os segmentos que os elegeram, e os  interesses destes, o que se vê de atuação e produção desses parlamentares é algo deprimente. 
 
! Uma leva numerosa de cabeças de bagre !
 
Quem não lembra daquele domingo famoso de abril de 2016, quando Eduardo Cunha comandou a sessão que encaminhou o impeachment forjado da ex-presidente Dilma.
Deputados sendo nominalmente chamados, e centenas deles cujos rostos e  nomes eram desconhecidos.
E que conseguiam em  poucas frases explicar por que eram desconhecidos, tamanha a imbecilidade e a mediocridade.
 
Pois a grande maioria do baixo clero está alocada no famoso Centrão.
 
Um bloco multipartidário de gente de poucos escrúpulos,  pouco caráter e muita cabeça de bagre.
 
Ali reinam e comandam  figuras como  Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto,  Paulinho da Força, gente que tem o seu currículo medido em  quilômetros em processos judiciais envolvendo irregularidades com a  coisa pública.
 
Pois é neste meio,e com esta gente,  que Bolsonaro negocia para formar uma base mínima, e  se manter razoavelmente seguro de um processo de impeachment.
 
Um jogo de barganha, de cargos, favores, interesses.
 
Aliás,  Bolsonaro conhece bem esse meio do baixo clero -  porque veio dele.
 
Por 28 longos e improdutivos anos Bolsonaro foi membro do baixo clero
 
Tão medíocre e insignificante como esses com quem negocia agora apoio a seu governo.
 
 Um jogo político de quem conhece bem o sistema, é parte dele,  e é parte da velha política.
 
Sem personagem e sem máscaraBolsonaro sendo Bolsonaro,  voltando ao meio de onde veio, para dali tentar garantir a sobrevivência de seu governo.
 
Que resumo medonho: depender de quem trai sem nenhum sentimento de culpa,  depender de uma numerosa quantia de micuins políticos  quase invisíveis para manter o que é racional e politicamente insustentável - um governo de caos, com  um comandante incapaz e  pouco afeito ao trabalho, que não governa,  terceiriza tudo, inclusive as responsabilidades que são suas.

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Explicação mais do que necessária!!!!! Isso explica muita coisa!!!!!!

Rosméri Maders Thomas - 11/05/2020 11h59

Excelente análise. Boa descrição do horror que é o BBB, bancada da bíblia, da bala e do boi.

Adalberto Paulo Klock - 10/05/2020 09h24

 

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