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09/04/2022 21h04 - Atualizado em 09/04/2022 21h37
O bem, o mal e a liberdade
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Paulo Schultz
Professor
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Vamos colocar as coisas no seu devido lugar.
Quando Bolsonaro diz que essa eleição presidencial será uma disputa entre o bem e o mal, ele está relativamente correto.
A única coisa que é preciso situar é que, o mal, no caso, é a continuidade dele no cargo de presidente.
Nunca se destruiu tanto em tão pouco tempo.
Nenhum governo da história republicana do Brasil conseguiu fazer tantos estragos em quase todos os setores da sociedade brasileira, e colocar milhões de brasileiros tão rapidamente numa condição de pobreza ou de miséria, ou de fome ou de insuficiência alimentar, ou de prejuízo em um ou mais aspectos importantes de duas vidas.
Nem o período macabro da ditadura militar, que Bolsonaro tanto enaltece, conseguiu ser tão rápido e eficaz nesse processo destrutivo.
Portanto, o capitão transtornado está certo quanto a situar a disputa entre algo danoso ou algo benéfico, mas está errado quanto ao lado em que ele diz se encontrar.
Bolsonaro provavelmente não sabe, porque muito pouco deve ter lido na vida, mas ele é um defensor do anarcoapitalismo.
Em uma versão piorada.
Adaptada à sua concepção bizarra e torta de sociedade, onde o Estado se ausenta de tudo, e não faz nenhuma proteção ou mediação social, ficando a sociedade absolutamente livre para se auto regular, baseada, segundo Bolsonaro, na base do "quem pode mais manda, e quem pode menos tem que subjugar ou se adequar, ou desaparecer."
No caso, o "pode mais" é exercido pelo poder econômico e pelo poder das armas.
Isso, em suma, é a concepção de sociedade ideal de Bolsonaro e seu círculo ideológico próximo.
Essa experiência destrutiva deve, necessariamente terminar, e para fazer isso, temos uma eleição logo ali na frente, em outubro desse ano.
Postas as coisas no seu lugar, falemos sobre liberdade.
Palavra cara para todo ser humano.
E palavra chave na boca de Bolsonaro.
Mas o que é a liberdade para Bolsonaro ?
É a liberdade de andar armado com revólveres e fuzis, com os bolsos abarrotados de munição.
E poder utilizar esse armamento para poder defender interesses pessoais.
Algo como um faroeste caboclo,cantado por Renato Russo.
É a liberdade de não ser multado por que se anda a 150 km por hora em uma estrada.
É a liberdade de não precisar colocar uma criança assentada em uma cadeirinha dentro do carro.
Afinal de contas, *conforme Bolsonaro, a vida deve ser vista como um um conjunto de vontades individuais que não podem ser tolhidas por lei ou ente público algum.*
*É a liberdade de não querer se vacinar contra a COVID*, como se o contágio de um não pudesse ser responsável pelo contágio de outros.
É a *lógica torta de que somente a sua própria vida importa*, e não a dos demais.
É uma visão tosca e egoísta de quem está se lixando para qualquer outra coisa que seja fora do interesse de um indivíduo somente.
*Bolsonaro consegue encarnar bem esse espírito individualista e egoísta, e soma a ele sua tosquice bárbara e sua visão demente de sociedade e da vida.*
A liberdade que Bolsonaro defende é algo violento, agressivo.
É, na verdade, um instinto e uma pulsão de morte.
Bolsonaro não defende a liberdade pela ótica da vida.
Sua liberdade é a liberdade de morrer.
A tarefa mais marcada nesse ano de 2022 será nos livrar disso, mas será com dificuldade, com esforço, pela consciência, pela palavra.
A liberdade que queremos é a liberdade de vida.
Por todos e para todos.
Ao trabalho.
Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente
a opinião do portal.
Comentários
Excelente análise! Colocaste os "pingos nos is", como deve ser. A diferença de fato entre o q é bom e o que é nocivo e altamente destrutivo para uma nação. Fostes fundo e certeiro nas tuas posições! Assim que tem que ser, parabéns. E vamos à luta! O bem vencerá!
Rose Bitencourt - 10/04/2022 21h48
Parabéns Prof PAULO! Uma síntese do que está acontecendo no país desde 2016. Momento preocupante e futuro incerto, pois eles conseguem ter 30% de apoiadores. Ou melhor, brasileiros que pensam como ele, e agora tiveram a oportunidade de se revelarem. Mas vamos virar a página nas próximas eleições, para que esse tipo de gente, mafiosos, neofascistas milicianos comprovados, nunca mais cheguem ao poder.
DARIO AZEVEDO - 10/04/2022 21h35
Esta gentalha prega e vive valores que nos fazem reviver o que aconteceu pós golpe de 64. E como então, tentam esconder as barbaridades que fazem. Não será fácil mas necessário é acabar com qualquer poder destes imbecis.
Terezinha L Krolikowski - 10/04/2022 20h47
Acertou na mosca. Parabéns pela análise.
Mario - 10/04/2022 16h37
Parabéns companheiro,certíssima sua leitura do momento que vivemos,ele não tem respeito algum pela liberdade de quem quer que seja.Ele é um sujeito escroto é maléfico ao mundo..O mal que está corja fez ao nosso país levaremos décadas para reverter,tomara que o povo brasileiro tenha aprendido a lição
Helena - 10/04/2022 12h23
Além de não ter nenhum apreço pela democracia este sujeito que quer se reeleger para a presidência de República não segue nenhum valor republicano. A democracia é um bem e, no caso do texto, somente quem segue valores humanos, de justiça social e solidariedade pode estar do lado do bem! E, se a liberdade não serve para promover a vida não é liberdade, é tirania!
NEUSA MACHADO - 10/04/2022 09h10
Bolsonaro faz mal.
Faz mal em tudo. Seu governo é marcado por sentimentos de ódio, repulsa, nojo, deboche, escárnio, medo...
Faz mal pro país. Faz mal pra democracia. Faz mal para uma convivência pacífica e civilizada na sociedade, nas famílias, no trabalho.
Faz mal pra economia. Desde 1994 não tínhamos inflação tão elevada. A inflação é uma praga que é semeada pela incapacidade de gestão pública.
A Ditadura Militar deixou marcas profundas de desigualdade social no país. Lembro que nas décadas de 70/80 a imensa maioria da população era pobre e desassistida. As dificuldades eram enormes. Os privilégios eram para alguns grupos políticos e sociais. O Brasil era uma verdadeira sociedade de Castas. E aquele cenário parece que está voltando em uma velocidade abissal.
Se era esse o país que queriam de volta, parabéns... estão conseguindo.
Paulo Schmidt - 10/04/2022 08h52