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08/10/2023 12h44 - Atualizado em 10/10/2023 17h17

SALVA TUA ALMA A Igreja do Oitavo Dígito te acolhe

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor

Salva tua alma. 

A sedução da promessa de "salvação" e da promessa de prosperidade é algo fortíssimo, e faz com que milhões e milhões de brasileiros já estejam dentro, ou estejam prestes a entrar dentro do mundo das igrejas evangélicas, pentecostais ou neopentecostais.
 
De um lado, a picaretagem de muitos pastores peixinhos pequenos, ávidos por se ajeitar financeiramente na vida.  
 
É fundando aquela igreja, lá no fundo da vila, onde o pastorzinho picareta faz aquela pregação mixuruca, tão verdadeira quanto uma nota de R$ 3, mas que é suficiente para ganhar um punhado de fiéis e lhe garantir uma renda que lhe seja melhor e conveniente.
 
 Do outro lado, os grandes tubarões, mercenários, pilantras, cafajestes, charlatões e vigaristas - os poucos que compõem o topo do poder e da acumulação de riqueza pesada dentro do mundo evangélico.
 
E espremido no corredor, entre esses dois lados, um contingente de milhões de pessoas.
 
Seja por qual ou quais razões individuais, seja por questão financeira, questão de ausência de cidadania e de dignidade que lhes deviam ser alcançados pelo Estado, seja por desesperança ou falta de horizonte de perspectiva melhor, o fato é que milhões de brasileiros foram cooptados para dentro desta colossal e pantanosa bolha de fundamentalismos que imantam, cegam e tornam milhões de fiéis uma massa de manobra.
 
Uma massa que serve não só para enriquecimento pessoal de um punhado de espertos, mas que serve também para reproduzir sequencialmente uma concepção da sociedade do individual - a teologia da prosperidade - aquela que diz que para vencer, prosperar, enriquecer, basta o indivíduo e sua ligação direta com Deus.  
 
Basta seus méritos individuais de esforço e fé (e sempre lembrar de acertar o dízimo para a "grande obra" do senhor), e isso, dentro de um caldeirão de ignorância, fundamentalismos, charlatanismo e mentiras, isso basta para que a pessoa tenha prosperidade financeira e salvação de sua alma. Aleluia.
 
A questão não é proibir, a questão não é fechar igreja, a questão não é impedir as pessoas de praticarem sua fé.
 
Isso tudo deve ser, e está,  garantido de forma legal, e humana, dentro de um Estado laico como o Estado brasileiro.
 
Trata-se aqui de fazer uma depuração entre o que é sério e o que é picaretagem.
 
Para que não se use da fé desta gente toda para manipulá-las politicamente, ou para induzí-las a praticar um fundamentalismo que segrega e discrimina, e que promove a intolerância.
Para que não se utilize de mecanismos abjetos, tais como "feijão abençoado a mil reais", "vassoura ungida a R$ 1000", entre outras inúmeras vigarices e picaretagens.
 
Tudo que vem engordando cofres e bolsos de espertalhões, e formando impérios, os quais se caírem numa devassa da receita federal, resultarão em uma tarrafa cheia de gente a ser destinada  para a cadeia.
 
 
De um lado, é preciso que as forças progressistas do país estabeleçam canais de diálogo com estes milhões de evangélicos, para que se possa entender o que perpassa e o que move este povo todo.
Alguns canais já existem, mas eles são poucos e pequenos.
 
Isso é necessário para que desatem nós que foram feitos à base de manipulação e fundamentalismo.
 
De outra parte, é preciso peitar o charlatanismo, a picaretagem, o enriquecimento ilícito, o uso do poder da fé alheia para manipular e alcançar fins escusos.
 
Na Igreja do Oitavo Dígito, a gente precisa saber como é que se deu a movimentação que a fez chegar até lá - no oitavo dígito.
 
Aleluia, irmão.
 

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Salve-se quem "pagar"!

Mauro Souza - 09/10/2023 13h59

Também penso de forma parecida em relação ao mercantilismo da fé, que explora inocentes e ignorantes em proveito dos "proprietários das igrejas". Nada diferente do que se vê no mercado financeiro, onde quem apenas ganha, são os vendedores de cursos, chamados de gurus do mercado, que capitaniam milhares de pessoas para vender fábulas que nunca acontecerão de verdade. E no final, a culpa nunca será deles, assim como a culpa do não enriquecimento do fiel nunca ser do Pastor. Eles sempre terão a prerrogativa de dizer que os fiéis ou investidores não seguiram fielmente os preceitos recomendados. Ou faltou fé ou faltou direcionamento. Como em qualquer jogo de azar, no final quem sempre ganha é a banca. Penso que a religião se transformou em uma atividade econômica e como tal, deve ser regulada para impedir prejuízos advindos dessa relação.

Paulo Schmidt - 08/10/2023 13h54

 

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