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06/02/2023 13h12 - Atualizado em 08/02/2023 01h15

Cidadania e esperança x Mercado ( e a sombra do fascismo)

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor

 Na votação vitoriosa de Lula, houve predomínio de mulheres, jovens, negros, moradores das periferias de regiões metropolitanas, e pessoas das camadas populares país afora ( mesmo nos municípios e regiões onde a aberração Bolsonaro venceu).

Claro que a concentração maior se deu no Nordeste e em parte da região Norte, mas o todo da soma dos votos foi o crucial, e manteve esse padrão acima de estratos sociais.

São os estratos sociais que mais sentiram em suas vidas, e, muitas vezes, em seus próprios corpos, o que foi viver 4 anos de empobrecimento e opressão, e o que seria ter mais 4 anos de uma combinação de anarcocapitalismo miliciano com ultraliberalismo sem alma.

Lula, neste contexto, significou para esta gente toda, a possibilidade de libertação do mal que lhes sufocava e, ao mesmo tempo, esperança de voltar à cidadania, direito de querer e sonhar, direito de existir com dignidade.

Esse povo todo é, ao mesmo tempo, o combustível que move o governo, parte de seu lastro de sustentação, e também uma enorme responsabilidade.

Responsabilidade porque esse povo todo tem a expectativa que sua esperança se materialize em ações concretas do governo, as quais modifiquem para melhor suas condições de vida.

Exatamente no lado oposto desse povo todo, está o poderoso "mercado".

Aquele ser invisível, que é invocado todas as vezes que se quer capturar, acuar, pautar, constranger, ou impedir que o governo Lula avance em propostas de pautas que possam implicar em perdas para os rentistas do mundo financeiro.

O mesmo mercado que não deu um pio sobre o escândalo das lojas Americanas (no mundo da iniciativa privada que louvam), e nem sobre o estouro de quase 800 bilhões de reais no "sagrado" teto de gastos, promovido pelo governo Bolsonaro.

Pois esse mesmo mercado dá chiliques, faz ameaças, veladas e abertas, quando o novo governo pauta propostas que signifiquem avanços nas condições econômicas e sociais da maioria da população brasileira.

Entende o mercado que isso é equivocado, pois lhe é indesejado, uma vez que pode realocar recursos do orçamento da União que hoje vão direto para os gordos caixas do rentismo.

 Quem vive de alimentar fortunas feitas no mercado financeiro, com dinheiro produzindo mais dinheiro, quer sempre se empamturrar com mais. 

É um capital vadio, ganho de modo fácil, sem precisar produzir um único prego ou qualquer serviço útil à sociedade.

Se acostumaram aos ganhos fáceis e ao atendimento de suas pautas, desde o governo do golpista Michel Temer ( reforma trabalhista, teto de gastos), passando por todo o período de Bolsonaro (reforma da previdência, Banco Central independente e subordinado ao mercado, privatizações).

Detém um enorme poder, inclusive o de pautar os órgãos da grande mídia brasileira, onde investem dinheiro pesadamente.

É por ali, via mídia (Globo, Folha de São Paulo, Estadão, etc) que fazem o seu jogo de pressão e ameaças.

 

Sabem que o governo Lula se deu através de uma vitória estreita nas eleições do ano passado, e sabem que foi necessária uma coalizão eleitoral que incluiu setores liberais, tanto para vencer a eleição, quanto para governar.

 

E, sobretudo, sabem que podem tirar proveito da sombra da extrema direita, que ronda suas garras golpistas por sobre o governo, movimentando uma horda de milhões de seguidores fanáticos e fascistas, dispostos a tudo pela sua loucura de "Deus, pátria, família e liberdade".

 

Quer dizer o seguinte:

Para o governo Lula dar conta de realizar suas principais propostas, precisa esgrimar dentro da coalizão com forças liberais que governam junto, contra os interesses do mercado financeiro, e, ao mesmo tempo, vigiar e neutralizar as movimentações golpistas da extrema direita, seja ela bolsonarista ou de outra vertente.

É fácil ?   Não.

É um quadro conjuntural duríssimo, que se soma a um cenário internacional tumultuado e não propenso a um ciclo positivo neste momento.

Precisa habilidade política, acúmulo de forças para enfrentar o mercado financeiro e seus interesses, a fúria da extrema direita viva e letal como serpente, e, sobretudo, participação e sustentação popular. 

Como dizem...

"Se fosse fácil, não seria para nós."

Porém, não se espere só por Lula, ou pelo governo.

É preciso pensar e agir de forma certeira e articulada, somando-se às ações do governo.

Reconstruir e reorientar o país, por cima dos escombros da destruição feita pela extrema direita, e contrariando os interesses do mundo financeiro neoliberal, é tarefa enorme.

 

Ao povo que clama, empatia e ações de resgate e oportunidades.

À extrema direita e ao mundo financeiro, o duro e necessário enfrentamento.

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Ótimo artigo! Reflexões necessárias.

Beatir Henrich Uhlmann - 09/02/2023 10h26

 

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