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domingo,19 de maio de 2024

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04/05/2024 23h34

Velho Rio Grande

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
Depois que toda essa tragédia passar, depois que as chuvas pararem, depois que as enchentes cessarem, e os rios voltarem aos seus cursos normais, o Rio Grande do Sul terá uma tarefa enorme e dura de reconstrução.
 
Reconstrução de cidades, de estradas,  de vidas.
 
Ficará,  é claro,  o sofrimento e a memória da destruição, das mortes, dos desaparecidos, das perdas.
 
Será, então, uma tarefa dura de reconstrução,  carregada do peso da memória de tudo que se tenha vivido nesses dias de tragédia.
 
Por óbvio serão necessários recursos orçamentários altíssimos do Governo Federal,  que irá dar conta da grande maioria dos recursos necessários para esse processo de reconstrução.
 
 Também serão necessárias a ação do governo do estado e dos municípios, embora estes contem com uma situação orçamentária muito mais restrita, comparando com a União.
 
Isso tudo falando de recuperação de coisas físicas. 
 
Importante será focar também o aspecto de saúde física e mental de todos os milhares de gaúchos atingidos.
 
Daí a complexidade que a reconstrução da parte atingida do Rio Grande do Sul requer.
 
E em paralelo com tudo isso, é necessário que se levantem questionamentos sérios para o futuro do Rio Grande.
 
Que se aponte responsabilidades, e que se encaminhe novas maneiras de lidar com esta nova realidade adversa de eventos naturais extremos e destrutivos.
 
Os municípios precisam ter novas orientações urbanísticas,  em relação à habitação em áreas ribeirinhas, em relação à proteção de áreas de preservação, recuperação de matas ciliares, escoamento de águas, etc.
 
O Governo do Estado precisa ter em seu orçamento um plano de gestão com recursos compatíveis alocados,  que se antecipe a possíveis desastres, estabelecendo propostas de ação para mitigar  efeitos quando novos desastres ambientais ocorrerem.
 
Diante dessa realidade de eventos climáticos extremos,  isso é primordial.
 
É inadmissível que o governo de Eduardo Leite tenha em seu orçamento, neste ano de 2024, apenas 50 mil reais para a Defesa Civil.
 
Já havia  a experiência do desastre anterior em setembro do ano passado, no mesmo Vale do Taquari.
 
O cara ignorou isso ?
 
Depois não adianta ficar pedindo socorro  para o governo federal via Twitter, prá fazer bastante likes e engajamento em cima de desastres.
 
Só porque ele tem um problema de não querer transparecer nenhuma ligação institucional com o PT ou com o Lula,  e por ele ter que escamotear sua posição política  por ter um bocado de bolsonaristas no estado que foram seus eleitores ( e que poderão ser novamente no futuro )  .
 
Sem falar que,  não só Leite, mas também o governo Sartori,  do MDB,  do qual o governo Leite é a sequência , pois  esses governos do centrão gaúcho liquidaram com  órgãos técnicos estaduais responsáveis pelo planejamento e ações técnicas em áreas importantes (ambiental e urbana).
 
Isso tudo precisa ser apontado, e o quadro de não-planejamento modificado com seriedade.
 
Claro que tem também a parte nacional - a questão do combate ao desmatamento na Amazônia,  à degradação do Pantanal em favor de áreas de plantio de soja....um conjunto de ações fortes que precisam ser feitas no país para que se reverta o  desarranjo ambiental e a alteração dos ciclos naturais,  elementos causadores de desastres como este.
 
E aí nós vamos para o plano global,  onde o governo federal precisa propor pactos  com as grandes nações, para que mundialmente se modifique o atual sistema de produção, com menos emissão de carbono,  com mitigação progressiva da degradação ambiental,  fatores que têm levado ao aquecimento anormal das temperaturas no planeta, o que por consequência desencadeia todo esse desarranjo da ordem natural das coisas,  ambientalmente falando.
 
O fato é que:
-  primeiro,  o Rio Grande do Sul tem que se recuperar de tudo isso que está passando.
 
Depois,  a gente precisa falar sério sobre o nosso futuro.
 
O velho Rio Grande precisa estar preparado para a realidade atual de desastres naturais extremos, e precisa fazer sua lição de casa no sentido de mitigar os seus efeitos, ou antecipando ações, ou no enfrentamento planejado de quando desastres acontecerem.
 
Ou a gente vai passar os próximos anos sofrendo, perdendo e se reconstruindo,  para logo depois acontecer tudo de novo.
 
Até lá, e enquanto não passarmos dessa catástrofe de agora, seguimos solidariamente  lutando,  velho Rio Grande.
 
 

 

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