Colunas / Variedades
31/12/2011 19h50 - Atualizado em 31/12/2011 20h25
“Sobre Natal, Ano Novo e outros Quetais...”
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Norton Goulart
Médico.
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Inicialmente, uma pequena justificativa com relação à promessa não cumprida de duas colunas semanais - Falta de fôlego, falta de organização e falta de costume. Como nunca se deve prometer o que não se pode cumprir, vamos combinar assim: de vez em quando e com o tempo, como em qualquer situação, as datas vão se ajeitando ao natural.
“Sobre Natal, Ano Novo e outros Quetais...”
Estamos vivendo, mais uma vez, as festa de final de ano. Assim como as empresas que fazem seus balanços anuais e planejamentos para o ano que virá, nós, “simples mortais” também o fazemos, e aí são promessas e mais promessas - com muita frequência já feitas em anos anteriores, e seria interessante discutirmos os motivos dos não-cumprimentos das mesmas.
Porque, na maioria das vezes, os nossos mais “profundos propósitos” viram fumaça?
Primeiro - é sempre difícil mudar! Qualquer coisa, qualquer hábito. O homem é um ser extremamente conservador, por isto, as pessoas que ousam são sempre vistas como diferentes (quando não chamadas de irresponsáveis, não sérias etc...) Mudar de residência, de escola, de rua, é quase um luto. De cidade então, nem se fala; Ah, e a dor da mudança é tão mais difícil quanto mais avançado em idade estamos. Existem casos de ex-presidiários que sentem falta da vida na prisão e tem extremas dificuldades em se readaptar a vida fora dos muros da prisão. Quem sabe esta não seja uma das causas da reincidência - voltar ao crime para voltar a prisão.
Enfim, mudar é readaptar-se! E existem mudanças, muitas, que apesar de difíceis, tem de ser feitas. Então, coragem e vamos lá - o ano muda só pra isto.
Segundo - continuando sobre as dificuldades para mudarmos - talvez, porque sejamos mais felizes como somos! Sem necessidade de mudanças...
Como somos todos ‘crias’ de uma sociedade consumista, onde absurda e estranhamente as pessoas são avaliadas pelo que conquistam materialmente e, por fim, acabam acreditando nessa mentira, fazemos planejamento que, ao contrário do que pensamos, nos afastam da tão almejada felicidade - acabamos virando as costas para a vida e muitas vezes quando nos damos conta do nosso erro, “nós voltamos” e... - a vida não está mais lá!
Afinal, do que precisamos para ser felizes?
Dinheiro?
Poder?
Fama?
Importância?
Beleza?
Quem optar por qualquer uma das respostas acima errou!
A felicidade, que segundo Nietzsche, “É feita de momentos e não de épocas”, tem sido alvo de estudos da Neurociência, que considerou como topo da lista nas necessidades que temos:
1º - As relações afetivas - não existe nada mais importante para a pessoa que ter um bom relacionamento familiar, no trabalho e, de maneira muito especial, social - estes valem mais do que tudo e são fundamentais a ponto de se afirmar que ninguém é feliz sem isto.
2º - A capacidade que temos (ou deveríamos ter) de envolvimento comunitário, participando ativamente da solução dos problemas que nos cercam - lembrar das pessoas que provocam esta situação e os comparar com os outros - eles são mais preparados para a vida - também Nietzsche falou que “Quem tem um objetivo na vida está mais preparado para enfrentar qualquer problema”.
É evidente que é indispensável, nesta corrida sem fim, outras condições - saúde, situação profissional estável, etc... A questão financeira, que é onde mais nos enganamos, tem sido profundamente estudada e, um estudo recente, muito interessante, foi publicado em uma das edições mensais da revista “Mente e Cérebro” deste ano, que afirma que a quota de felicidade “comprável”, com dinheiro, é de 50 mil dólares ano, ou seja, quem ganha dez vezes mais não vai ser dez vezes mais feliz - acima deste valor - que nos dá as condições físicas necessárias para estarmos bem.
A moeda que a vida cobra por felicidade é outra!
Resumindo: não é aconselhável abrirmos mão de coisas que nos dão prazer e que não são caras, exclusivamente para aumentarmos nossas “poupanças”.
Alguns países - entre eles a França - instituíram, entre seus programas governamentais, um objetivo chamado FIB (Felicidade Interna Bruta) e os resultados destes estudos têm sido surpreendentes com relação ao que de verdade nos faz feliz.
Então pessoal, para não me alongar demais, vai aqui algumas questões básicas que penso a respeito de comportamento:
Competitividade demais mata! (ou no mínimo ‘enche o saco’ de quem está perto).
Dinheiro é meio, não fim (e é aqui que eu vejo acontecerem os maiores enganos) - o prazer de viver bem que podemos “comprar” não aceita como pagamento, nem dólar, nem real, nem euro.
O laser é indispensável! Sem culpa!
Uma relação familiar afetiva, sólida, “sem competição interna” é fundamental - familiares são parceiros ‘nessa estrada’.
Por último: um chopinho no fim de tarde com amigos, com bom humor, as “palavras” (qualquer coisa!), pescarias e outros “Quetais” previnem infarto, substituem com ampla vantagem psiquiatras e dispensam os antidepressivos e ansiolíticos que, diga-se de passagem, estamos usando e abusando!
Finalmente, desejo a todos, um 2012 de paz, harmonia, saúde, dinheiro na dose certa, grandes vitórias do imortal tricolor e consolo aos colorados. Até!
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